Por George Henrique
Ascom/Sindicarnes
![]() |
Foto da internet |
Devido
a detecção da presença de ractopamina e outros estimulantes de crescimento em carnes
suínas do Brasil, a Rússia anunciou na última segunda-feira, 20, restrições
temporárias à carne bovina e suína brasileira a partir de 1° de dezembro. As
indústrias tocantinenses Boi Brasil, Cooperfrigu, Minerva e Plena serão
afetadas pela suspensão.
Conforme
comunicado do serviço veterinário e fitossanitário da Rússia, substâncias como
ractopamina e outros estimulantes para o crescimento da massa muscular dos
animais foram encontrados. “Infelizmente, o Rosselkhoznadzor é forçado a
afirmar que, de acordo com os estudos laboratoriais, os estimulantes de
crescimento banidos foram novamente detectados nos produtos de criação de gado
que chegam à Rússia do Brasil em 2017”, afirmou.
Segundo
o departamento russo, serão suspensas as exportações brasileiras de 59
frigoríficos de carne bovina e 32 de carne suína até que o Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) tome as providências necessárias.
A Rússia diz ainda que, “para regular a situação e obter informações confiáveis
do lado brasileiro”, o Rosselkhoznadzor enviou uma proposta ao órgão
brasileiro, no dia 16 de novembro, para conversar o mais rápido possível.
Tocantins
Dados
divulgados pelo Sindicato das Indústrias de Carnes Bovinas, Suínas, Aves,
Peixes e Derivados do Estado do Tocantins (Sindicarnes/TO) revelam que as
quatro unidades afetadas pela decisão exportam cerca de 20 mil toneladas de
carnes bovinas à Rússia por ano. Esse número representa 60% de toda a exportação
tocantinense de carnes.
Em
volume financeiro, o Tocantins arrecada R$ 260 mi anualmente com exportações
para o mercado russo. O presidente do Sindicarnes, Oswaldo Stival Júnior, alega
que nenhuma indústria do estado exporta produtos com ractopamina à Rússia e
defende a proibição dessa substância em todo o Brasil.
“O
mercado russo é muito importante para nossas indústrias e, também, para a
economia do nosso estado. É o maior importador de nossos produtos e esperamos
que essa situação seja resolvida o mais rápido possível”, disse.
Oswaldo
Stival Júnior revelou o trabalho das indústrias tocantinenses para conseguirem
habilitação de exportar à União Europeia e comemorou a iniciativa do Governo do
Tocantins em enviar à Assembleia Legislativa um projeto de lei que veda a
comercialização, distribuição e utilização da ractopamina no estado.
“Esse
PL é um grande avanço para o Tocantins, pois tanto a Rússia quanto a União
Europeia proíbem a importação de produtos em que se detecta o uso desta
substância, exemplo que o Brasil estará temporariamente suspenso por encontrar
este produto na carne suína. É uma medida que, se sancionada como lei, trará
mais garantias de fiscalização contra essa substância”, ressaltou Stival.
O
projeto foi enviado à AL ainda em 2016 e passou por aprovação na última
quarta-feira, 22, em 1ª e 2ª fase. O processo nº 103/2016 seguirá agora ao
governador Marcelo Miranda para ser sancionado como lei. “Os deputados se
sensibilizaram com o anúncio da suspensão e agiram rápido para aprovar o
projeto, torna-lo lei e demostrar a eficiência de nossa cadeia produtiva”,
finalizou o presidente.
Mapa
De
acordo com o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, muitos países permitem o
uso da ractopamina. “Nós temos um programa no ministério em que nós rastreamos
isso, e nós vamos dar a garantia de que o produto que vai pra Rússia não tem (a
substância). Agora, se alguma empresa fraudou ou deixou passar ou não conseguiu
controlar isso, compete a eles fazerem as observações e, a nós, fazermos as
correções aqui”, explicou.
O
ministro não considera que o mercado russo esteja fechado para o produto
brasileiro. “É uma coisa que acontece permanentemente nas fiscalizações. Só
três empresas que foram citadas aparecem com esse problema, o restante continua
trabalhando”, destacou.
Em
nota divulgada na última terça-feira, 21, o Mapa solicitou às autoridades
russas certificados do serviço de inspeção e os respectivos laudos
laboratoriais indicando a presença de substâncias proibidas na carne
brasileira. Segundo o Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal
(Dipoa), o Brasil utiliza o sistema de segregação de suínos para a exportação
de carne para a Rússia, o que impossibilitaria a detecção de ractopamina no
produto do Brasil.
“Diante
das informações prestadas pelo Rosselkhoznadzor, o Mapa solicitou o envio dos
certificados do serviço de inspeção e os respectivos laudos laboratoriais
indicando a presença do estimulante de crescimento para que possa fazer uma
investigação interna e, consequentemente, as correções necessárias em caso
positivo”, diz a nota.
ABPA
O
presidente-executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA),
Francisco Turra, disse que o Brasil apresentou todas as comprovações de que a
carne destinada ao mercado russo é produzida sem a ractopamina.
“Como
principal parceiro da Rússia no setor, responsável por quase 90% da carne suína
importada pelo país, a suinocultura brasileira reafirma seu interesse na
manutenção das exportações, que são importantes para o Brasil e para a Rússia”,
disse Turra.
Ractopamina
A
adição de ractopamina a dietas de terminação de suínos aumenta a deposição muscular
e reduz a deposição de gordura. O ganho do peso vivo aumenta com pequenas
diminuições na ingestão diária de ração. A magnitude da resposta à ractopamina
é maior para um maior ganho de carne magra em suínos com alto ganho de carne
magra.
Segundo
Instrução Normativa da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) nº 09, de 21 de
fevereiro de 2017, publicada no Diário Oficial em 08 de março de 2017 e que
complementa a Instrução Normativa SDA nº 42, de 20 de dezembro de 1999, o uso
da ractopamina na cadeia de carnes bovinas, suínas e derivados é proibido. A
instrução faz parte do Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes
em Produtos de Origem Animal – PNCRC de 2017.
Essa
instrução submete as análises dos produtos em laboratórios oficiais
credenciados pertencentes à Rede Nacional de Laboratórios Agropecuários do
Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária, na forma estabelecida
pela Instrução Normativa nº 57, de 11 de dezembro de 2013.
(Com informações do Canal
Rural, Sputnik Brasil e Norte Agropecuário)
Nenhum comentário:
Postar um comentário