Por George Henrique
Ascom/Sindicarnes
Um
dos setores mais importantes da indústria brasileira encontra-se em grave crise
e causa turbulências à tímida recuperação econômica do Brasil. Uma série de
fatores internos e externos são os responsáveis por essa instabilidade.
Os
seguidos problemas pontuais como o escândalo dos cortes adulterados, a operação
“Carne Fraca” da Polícia Federal e o veto à importação da carne brasileira pelos
Estados Unidos (EUA) são os principais acontecimentos para atenuar a crise.
Depois
de várias medidas tomadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa) e o mercado brasileiro recuperando gradativamente a
credibilidade ao provar sua qualidade aos países importadores, o último revés,
configurado pela suspensão dos EUA para a importação de carnes frescas
brasileiras, pegou a todos de surpresa.
A
alegação dos americanos foi de “recorrentes problemas sobre a segurança
sanitária”. Novamente o mercado entra em estagnação e declínio.
Além
das questões de segurança alimentar, muitos integrantes do setor de carne no
Brasil acreditam que a decisão se trata, na verdade, de protecionismo
americano. O próprio ministro da Agricultura, Blairo Maggi, alegou ter sido
pego de surpresa com o veto à carne brasileira.
“Há
de se entender também que estamos exportando carne para o maior concorrente que
temos no mundo e há pressão grande de produtores americanos, desde a época da
liberação, para que haja o embargo, que não se permita a chegada de carne
brasileira lá”, afirmou o ministro Maggi, sem deixar de reconhecer a existência
de um possível problema sanitário.
Sobre
o embargo, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil lamentou em nota
alegando que “a decisão do governo norte-americano prejudica ainda mais os
pecuaristas brasileiros, que já enfrentam hoje uma série de dificuldades, como
a queda no preço da arroba, o aumento dos custos de produção e os
desdobramentos da Operação Carne Fraca e da delação da JBS”.
Na
tentativa de negociar a reabertura do mercado brasileiro, o ministro Maggi foi
até Washington (EUA) se reunir com o secretário da Agricultura americano, Sonny
Perdue. Durante o encontro, não houve acordo, porém Maggi disse “estar
esperançoso” de que o Brasil retome as exportações de carnes in natura “o mais breve
possível”. A estimativa do ministro é de que isso aconteça dentro do prazo
máximo de 60 dias.
Por
fim, acompanhando a decisão dos EUA, as Filipinas suspenderam a importação da
carne brasileira nesta quinta-feira, 20. O governo filipino anunciou, ainda,
que “uma equipe de segurança alimentar” virá ao Brasil no próximo dia 26 de
julho para inspecionar indústrias exportadoras de carnes.
O
governo brasileiro tem tomado iniciativas para reverter a situação. Na última
semana, o Mapa contratou 300 veterinários para fiscalizar os frigoríficos
brasileiros e mostrar a qualidade da carne brasileira.
Segundo
relatório da Abrafrigo, neste primeiro semestre houve uma queda de 8% nas
exportações da carne brasileira. O Tocantins atingiu queda de 13%.
Um
estudo realizado pela Conab indica que o consumo de carne per capita no Brasil
recuará 9,7% em 2017. É o menor índice dos últimos oito anos. A produção da
carne também recuará 2,9% em relação ao ano de 2016 e a exportação cairá 3,1%.
São
números alarmantes em um cenário de baixa para o mercado interno e externo da
carne brasileira.
Com informações da Agência
France-Presse e Correio Braziliense.
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